A aposta arriscada em Carpini é como começo esse meu texto. Há algum tempo eu não escrevo aqui no blog, a minha vida profissional está muito corrida, mas agora, pretendo, pelo menos uma vez por semana escrever, isso não é uma promessa, é um desejo, afinal, escrever para algo que se ama é sempre um grande prazer.
Recentemente, eu estive no CT da Barra Funda. Conheci pessoalmente o Carpini, ele nos passou a melhor impressão possível, pareceu uma pessoa do bem, risonha, simpática e que tem a confiança dos jogadores, digo isso, porque ele passou boa parte do tempo rindo e conversando com um dos líderes do time. O ambiente estava ótimo.
Entretanto, tudo isso foi antes do jogo contra o Novorizontino e dessa sequencia de jogos em que o São Paulo está muito longe de ser o time que a torcida quer ver, aliás, está muito longe da torcida confiar nesse time
Não à toa, eu avalio a aposta arriscada em Carpini desde o dia em que ele foi anunciado, o São Paulo há tempos está em uma crise pesada de títulos, ganhamos a Copa do Brasil ano passado, mas foram alguns anos sem um título de expressão nacional, o último, em 2008 com Muricy Ramalho.
Uma coisa que você vai ler aqui é a minha visão e não vou passar pano para o Carpini, desde o primeiro dia eu não achava que ele era técnico para o São Paulo, por mais que o começo do trabalho tenha sido ótimo, com o título em cima do Palmeiras e a quebra do tabu contra o Corinthians, mas depois o São Paulo veio em uma queda de rendimento altíssima.
Time desorganizado
Ontem, contra o Cobressal – um time que no Paulistão cairia para a série B – o São Paulo venceu por 2X0, com gols de André Silva e Calleri, entretanto, é um resultado que pode deixar o torcedor, que não viu o time, um pouco enganado, achando que fomos bem. E a realidade não foi bem essa, mesmo que os 3 pontos tenham sido fundamentais.
Vitória é sempre bom, óbvio, mas o que o São Paulo jogou? De fato, o time atacou, Calleri, de cabeça quase abriu o placar logo no começo, teve gol anulado – acertadamente – teve 2 bolas na trave e defesas difíceis do goleiro adversário, porém, o time era muito fraco, ontem, era para ter sido pelo menos 4X0 para o São Paulo, mas o time jogou da forma que só o Carpini acha que foi boa.
Se entrasse com um esquema 4-3-3 com James municiando Erick, Luciano e Calleri, talvez o jogo fosse outro, mas temos um técnico medroso.
Eu vi o jogo inteiro e confesso que me deu sono em boa parte do jogo. O São Paulo me parece ter medo de atacar o adversário, em muitas bolas, quando chegava perto da área, tocava de lado.
Meu pai diz algo muito engraçado, que se os gols fossem colocados nas laterais dos campos, o São Paulo seria imbatível. E de fato ele tem razão, é muito toque de lado, mesmo quando estamos de frente para o gol. E os chutes de fora da área? Não se treina? Porque tem medo?
Não é de hoje – logo não é culpa do Carpini – que o São Paulo tem um jogo muito mais lateral do que em direção ao gol; construir a jogada é preciso, mas não precisa ser desse jeito moroso, de toques de lado.
O que vale é bola na rede! Do que adianta, como os times do Diniz, ficar com 75% de posse de bola e perder de 1X0? Precisa – como se diz na linguagem do futebol – agredir o adversário, jogar em direção ao gol é sinal de respeito.
Só o Rafael tem salvado o São Paulo. Pelo menos ontem Carpini colocou o ineficiente Wellignton no banco, colocando Michel Araújo na lateral, ganhamos mais poder de ataque, o que justificaria o esquema com 3 zagueiros.
A aposta arriscada em Carpini começa por ele não ser claro com o que faz e isso irritar o torcedor. Sim, temos o direito de saber o que ele faz com o time, ontem quase 50 mil pessoas estavam no Morumbi e viram o São Paulo enfrentar, talvez, o pior time da Libertadores com 3 zagueiros e 2 volantes. Só isso.
Carpini é um teste
Eu nem vejo as coletivas de imprensa do Carpini, as que vi, achei um monte de frases feitas e desculpas esfarrapadas; de fato, ontem, ele reclamou das lesões e isso ele está certo, mas quando técnico manda centroavante marcar lateral porque é mais importante não tomar, do que fazer o gol, ele tem a parcela de culpa dele, também, ou estou errado?
Esse fator não é só culpa do Carpini, isso é o “futebol moderno”, saudades quando o Denilson dizia que o técnico brigava com ele se ele voltasse para campo de defesa, hoje é um futebol, que estamos vendo burocrático, ruim e que impera a defesa.
Não à toa, vamos levantar uma Copa do Mundo, novamente daqui uns 20 anos. Ou alguém acha que em 2026 o Brasil leva? Eu não.
Lucas faz muita falta ao desorganizado time do Carpini, porque ele é diferenciado e pelo menos tenta algo diferente, o resto é toque de lado; como disse acima só o Rafael tem salvo, pois laterais não temos, Pablo Maia deu uma caída forte, Alisson é voluntarioso e na frente, Calleri precisa receber bola e não abrir nas laterais.
Se o Calleri vai para a lateral, quem está na área para receber a bola? Quem fará os gols do São Paulo?
A aposta arriscada em Carpini passa por isso, arma e muda mal o time. Falem o que quiser, mas Luxa é um craque nisso, conhece muito de futebol, não quero ele no São Paulo pois ele deixou de ser técnico há tempos, entretanto, digo que o São Paulo precisa de um técnico com esse tipo de bagagem e conhecimento.
Luxa tem o ego maior que a sua capacidade, assim como Rogério Ceni, o que os atrapalha na carreira, Luxa, se fosse apenas pelo conhecimento teria sido um dos maiores técnicos da nossa história, talvez só abaixo do mestre Telê, esse imbatível.
Três Zagueiros
Eu vou entender que o Carpini testou ontem a formação com os 3 zagueiros para liberar mais o Michel Araújo, que é um meia que foi improvisado ali, uma vez que o Wellington, Reinaldo 2.0, não tem a menor condição de vestir o manto tricolor. E o cara ainda quer 600 mil para renovar e está fazendo um drama como se ele fosse o Nilton Santos!
De fato, o adversário fraco não merecia os 3 zagueiros, mas foi um jogo para Carpini observar o time, entretanto, uma coisa que ele se perde é nas substituições. O time adversário mal atacou, era hora de tirar um zagueiro e colocar um jogador mais a frente, o Galoppo por exemplo, mas não foi feito.
Ponto positivo para a melhor partida do James com a camisa do São Paulo. Se evoluir um pouco mais, com a entrada de Lucas no time, vamos ganhar muito. Rodrigo Nestor voltando é um grande reforço – desde que ele queira jogar – Lucas, Galoppo, Calleri, Luciano – quando quer jogar e não dar xilique em campo – Rafinha, Ferraresi, Arboleda, Maia. No papel o São Paulo tem um time muito bom, mas precisa de um comandante de peso.
A aposta arriscada em Carpini
Quando o São Paulo quase perdeu a classificação para as quartas de finais do Paulistão empatando com o Ituano, ali ficou claro, o Carpini não é técnico para nós. Nem por ele ter brigado com a torcida, ali foi um desabafo para 3 ou 4 pessoas, mas por ele ter colocado um terceiro zagueiro por medo do atacante do Ituano, com todo o respeito, mas o cara era o reserva do lanterna da competição.
Quando Telê teria medo em uma situação dessas? Muricy? Leão? Autuori? Ozorio? Isso para ficar nos principais técnicos dos últimos 20 anos do SP.
Eu sempre acho que mudar logo no começo não é uma boa, de fato, o trabalho do cara está no começo, ele impressionou o Muricy, Julio, Belmonte e Rui pelo seu pensamento de futebol, mas infelizmente ele não está conseguindo colocar isso em prática, o São Paulo joga como time pequeno tendo caras como Calleri, Lucas e James em campo.
O que precisamos, urgente, é de um técnico de ponta. Surgiu o nome de Osório novamente, esse seria uma boa, o cara conhece e gosta do São Paulo, é um técnico que estuda e não tem os vícios do brasileiro, tem uma forma de trabalhar interessante, a torcida gosta e é um técnico rodado e campeão, o Carpini tem experiência em times pequenos ou na série B.
Ainda vou bater na tecla de que a aposta arriscada em Carpini pode fazer com que, mesmo em Abril, o São Paulo perca o ano. Tem muito jogo ainda, tem muito campeonato, estamos na 2a rodada da Libertadores e em breve começa a Copa do Brasil e Brasileiro, temos chances de fazer um bom ano, sem dúvidas, temos time, mas ainda não temos comando.
Alguns jornalistas dizem que o time está fechado com ele, que o querem em campo. Não estamos vendo nenhum jogador – nem mesmo o James – fazendo corpo mole, tem entrega em campo, mas essa entrega é o suficiente?