Rogério Ceni e o gol de número 100. Esse dia já seria histórico, mas quis o destino que fosse contra o nosso maior rival, o Corinthians, time pequeno que se acha grande, time dos títulos ganhos mais fora do que dentro de campo. Hoje, 27/03/2021, comemora-se 10 anos desse feito histórico.
Rogério Ceni, para alguns o M1TO, já era o maior goleiro artilheiro desde 2006, quando, contra o Cruzeiro superou a marca de José Luis Chilavert, o polêmico goleiro Paraguaio que tinha 63 gols na carreira, esse recorde, dentre tanto que Rogério tem na carreira havia sido superado.
Iron Maiden
O jogo era em Barueri. Ocorreu isso pois o nosso templo sagrado, o Morumbi, recebia naquele fim de semana o show da banda Iron Maiden, uma das melhores bandas de rock do mundo, do qual, sou um dos seus milhares de fãs. Como não ficar alucinado ouvindo: “Fear of the dark, fear of the dark. I have a constant fear that something’s always near. Fear of the dark, fear of the dark. I have a phobia that someone’s always there”, na excelente voz de Bruce Dickinson!
O jogo então, foi para Barueri, um dos estádios mais usados pelos grandes times do futebol paulista, quando seus estádios ou arenas não podem receber jogos. Isso se deve pela proximidade do estádio, em pouco mais de 30 quilômetros da cidade de São Paulo. Foi ali o palco desse grande dia, histórico dia, mas claro, se fosse no Morumbi, seria muito mais interessante.
O jogo
São Paulo e Corinthians se enfrentavam pela 16ª rodada do Campeonato Paulista de 2011. Dagoberto abriu o placar para o São Paulo, com o goláço aos 39 minutos, acertando um belo chute de fora da área, no canto inferior do gol defendido por Júlio César. O tricolor não ganhava havia 4 anos. Era preciso de uma vitória e ela veio. Miranda, que recentemente voltou ao tricolor, estava em campo nesse dia.
Rogério Ceni; Alex Silva, Rhodolfo e Miranda; Ilsinho, Rodrigo Souto, Jean, Carlinhos Paraíba e Junior Cesar; Dagoberto e Fernandinho. O treinador da equipe era Paulo César Carpegiani. Foi assim que o São Paulo entrou em campo, no esquema 3-5-2 que anos antes tantas glórias tinham trazido para o nosso São Paulo.
Rogério Ceni e o gol de número 100
Vamos ao momento. Histórico, para não esquecer! Aos sete minutos da segunda etapa, Fernandinho foi derrubado por Ralf, perto da área. Depois da sua estréia, onde fez 4 gols, talvez tenha sido a única coisa interessante que Fernandinho fez pelo tricolor. Rogério Ceni, como de costume, foi para a bola, pronto para a cobrança mais importante de sua carreira. Instantes antes de cobrar a falta, as arquibancadas estavam em festa e ecoava a frase que por anos era um hino da torcida: ‘é o melhor goleiro do Brasil’. Rogério Ceni analisava friamente a melhor opção para cobrar a falta, como goleiro, sabia como Julio César pensaria, além do mais, para chegar ao 99o gol, Rogério tinha treinado pelo menos umas 50 mil faltas. Sempre foi um obstinado nisso.
Aos oito minutos, a consagração
A história do futebol acabava de ganhar um novo capítulo, escrito em páginas de ouro. Antes da cobrança, o goleiro acreditava que outro jogador deveria fazer: “Rogério me chamou e disse: Carlinhos, a bola passa na lateral da barreira, o goleiro não está olhando, faz a cobrança. Eu olhei, vi que a bola passava, mas não quis arriscar. Falei: Bate, patrão. E ele bateu e marcou o gol. Afirmou dias depois Carlinhos Paraíba, volante do São Paulo naquele jogo.
Gol de Rogério com a narração do genial José Silveiro
Rogério Ceni naquele momento era o primeiro goleiro da história a marcar 100 gols, e o fez com primazia. A batida foi por cima da barreira, entrando quase no ângulo de Júlio César, sem chances de defesa. Alguns dizem que o goleiro do Corinthians falhou, mas ao analisar com mais calma, percebe-se que o chute foi indefensável. Julio César, que já não era uma unanimidade no time, pouco tempo depois saiu, foi para outros times, ficou marcado como o goleiro que levou o 100o gol de Rogério Ceni, o grande rival.
Onde você estava nesse dia?
Eu me lembro como se fosse hoje.
Estava na sala de casa. Minha filha, que na época tinha 8 meses, dormia no quartinho dela. Minha ex-mulher, na cozinha fazia algo para nós comermos. Falta para o São Paulo, eu senti o gol. São Paulinos sabem o que é isso, não dá para explicar, apenas sentimos. Rogério vai para a bola. Eu, com a camisa tricolor – a mesma usada pelo time naquele jogo – ajoelho na frente da TV. Seguro forte o símbolo do tricolor. Rogério faz o gol, começo a chorar e a gritar, minha ex-mulher briga porque ia acordar minha filha, mas era inevitável, não tinha como me conter, não apenas pelo 100o gol, mas por ser em cima de quem foi.
Sim, minha filha acordou e viu o resto do jogo comigo. No final, eles fizeram um gol, mas nada que pudesse tirar o brilho do tricolor, 2×1 e o 100o gol!! E sem #mimimi