O adeus a Pelé. Peço hoje, permissão para não falar do nosso amado São Paulo Futebol Clube para falar da grande perda para o futebol mundial, o rei do futebol, Pelé, ou como o grande Rica Perrone definiu ontem “é o rei da porra toda”. E concordo tanto com o Rica que me permito colocar essa sua citação feita ontem em sua live, logo após a oficialização por parte do hospital Albert Einstein, de que o rei havia ido embora desse plano, para encontrar outros gênios da bola como Maradona, Cruyff, Eusébio, Leônidas da Silva, Puskas e por que não o mestre Telê, a quem esse humilde blog está sempre homenageando.
Gênios não morrem, eles estarão para sempre na mente daqueles que o amaram. E antes que venha algum geração TitkTok, a geração mais derrotada que o mundo já produziu, encher o saco dizendo que “ainnnnn o Pelé nem jogou no São Paulo, porque um blog do tricolor vai falar algo dele?” Pelé é uma entidade do futebol, um ícone, o rei do futebol, o maior de todos, o cara que fez o que nenhum outro jogador fez ou fará! Pelé está acima de tudo, e sorte do Santos que o teve por anos vestindo a sua camisa, queria, óbvio que ele fosse do São Paulo, mas os Deuses do futebol quiserem que ele se tornasse o rei na baixada santista.
Foi embora o Edson Arantes do Nascimento, o Pelé era tão acima de tudo, que o próprio Edson quando ia falar dele como jogador se referia ao Pelé e não a ele, como pessoa, pois até ele, Edson, sabia que Pelé era algo que superava o ser humano, assim como Pepe, que por anos jogou ao lado de Pelé no Santos, diz que ele, Pepe é o maior artilheiro do time, mas quando questionado sobre Pelé, ele diz que ele é o terráqueo que mais gols marcou com a camisa alvinegra, que Pelé nem desse planeta é. E convenhamos, Pepe tem razão.
O dia que eu vi o Pelé
Era um sábado de tarde. Fui com meus pais almoçar em um restaurante que adoramos, chamado 348 no bairro do Itaim, região sul da cidade de São Paulo. Estávamos eu, meu pai, mãe e irmã. Quando estávamos saindo do local, meu. pai viu, de longe, um negro, baixo, com uma boina na cabeça e um casaco. Ele ficou parado por alguns segundo e me disse:
– Olha ali! É o Pelé. Vamos lá!
Eu e ele fomos, enquanto minha irmã e mãe ficaram paradas na porta do restaurante, vendo eu e meu pai irmos tietar o rei. Meu pai se aproxima dele e diz:
- Só queria agradecer por tudo o que você fez pelo futebol
- Ora que isso – responde o rei
- Você foi o maior.
- Nada, que time vocês torcem? – questiona o rei
- São Paulo – disse meu pai
- Poxa, lá vem mais um falar de agosto de 1963 – rindo disse o rei
- Que nada, só queremos lhe agradecer por tudo.
- Obrigado, querem um autógrafo?
- Não – eu disse (e já explico)
- Tudo bem, garçom traga mais duas cadeiras para eles, serão meus convidados (aponta para a mesa que ele estava com umas 10 pessoas)
- Não, obrigado Pelé, já almoçamos, minha esposa e filha estão nos esperando, temos um compromisso.
- Que pena, um prazer falar com vocês, um abraço e fiquem com Deus.
E foi assim que meu pai e Pelé encerraram o rápido encontro. Você deve estar se perguntando porque eu, em sã consciência, disse não a um autógrafo do rei do futebol? Por que ele jogou no Santos? Por que eu não gosto de futebol? Por que eu não gostava do rei e só porque ele morreu estou querendo aparecer? Por que eu sou um retardado?
Ache o que quiser, mas eu fiquei estático. A energia dele era tão impressionante, que eu não estava acreditando que o Pelé, o maior de todos estava nos convidando para almoçar ao seu lado. Não tinha como entender isso. Eu estava acostumado a pedir autógrafos para jogadores que nem olhavam na minha cara, assinavam um papel de qualquer jeito implorando para eu sumir dali e nenhum outro tonto, como eu, fosse pedir um autógrafo, não o maior de todos nos convidando para almoçar!
Na volta para casa, eu e meu pai fomos no banco da frente. Minha mãe e irmã no banco de trás, algo comum quando saímos os 4 para almoçar. Meu pai, indignado, me perguntou como eu tinha dito não para o Pelé, minha mãe, me vendo pelo retrovisor, apenas cutucou meu pai e pediu para ele não falar mais nada. O silêncio tomou conta do carro pelos minutos até a casa dos meus pais, em um bairro próximo ao Itaim.
Durante 4 ou 5 horas eu permaneci atônito, sem reação, sem saber o que falar e o que tinha acontecido. Tinha saído de mim na hora do encontro e não tinha voltado ainda. Apenas de noite, ao ir buscar minha ex-namorada no MBA que ela fazia, que a ficha começou a cair. Não conto essa história para me valorizar, mas apenas para quem nunca teve o prazer de encontrar o rei pessoalmente entenda o que esse cara era.
Pelé, o eterno
O adeus a Pelé, talvez, nunca ocorra. Pelé é eterno, ele sempre será lembrado, o apelido do Edson é sinônimo de que alguém é bom em alguma coisa, como por exemplo, o maior jogador de basquete da história, é considerado o Pelé do basquete. Nunca ouviremos que um jogador é o Michael Jordan do futebol, mas ele, nos EUA é considerado o Pelé do basquete. E lembrando, enorme respeito pelo Jordan, a quem eu sempre fui um grande fã, e continuo sendo.
Pelé parou uma guerra, foi considerado uma figura mais conhecida que Jesus Cristo (lembrando que muitos países não tem o catolicismo como a religião predominante como no Brasil), atleta do século. Pelé é uma lenda, mesmo quando ainda estava entre nós. A Copa do Mundo é um evento mais assistido e curtido que as olimpíadas, e concordo com o Rica Perrone, quando ele diz que o Pelé é o rei da porra toda, pois ele é o rei do esporte mais amado e praticado em todo o planeta.
Pelé sim, parou uma guerra. Congo Belga, no início de 1969. Isso ocorreu, pelo menos durante a partida, quando forças do Congo-Kinshasa (ex-Zaire) e Congo Brazzaville estiveram pacificamente no mesmo estádio para ver Pelé jogar, e nada ocorreu nesse dia, em respeito ao Pelé estar na região.
O maior de todos
Se a bola de ouro da Fifa existisse na época do Pelé, a regra da Fifa deveria mudar para premiar quem joga fora do continente Europeu. Recentemente a Fifa concedeu 7 bolas de ouro ao rei, como forma de homenagear, porém, se o premio existisse, sinceramente, entre 1958 e 1973, dificilmente alguém venceria, e olha que essa época teve caras como Di Stefano, Cruyff, Eusébio entre outros em campo para disputar com Pelé quem foi o maior.
Maradona, Zico, Messi, Ronaldinho Gaúcho, Zidane, Ronaldo, Romário, Lev Yashin, Gerd Müller, Garrincha, Puskas, Beckenbauer, Cristiano Ronaldo, George Best, Rivellino, Gerson, Sócrates, Platini, Didi, Nilton Santos Bobby Charlton, entre outros, foram geniais. Eu até coloco Denner, que infelizmente faleceu bem cedo, mas que para mim, seria o jogador a chegar mais perto do Pelé, entre todos, jogaria mais que Zico, Garrincha e Ronaldinho Gaúcho, para mim, os que mais se aproximam do Rei, hoje, mas mesmo assim aproximação de longe.
O amor por Pelé não está restrito ao Brasil, ele é uma entidade mundial, um ícone. Quem não se lembra do clássico “preferia ver o filme do Pelé” do seriado do Chaves? Pelé fez filme com Sylvester Stallone e os Trapalhões, sempre representando ele mesmo, assim como é impossível esquecer do gênio da comédia, o Pelé da comédia, por assim dizer, Ronald Golias ensinando Pelé a bater pênalti.
Roberto Shinyashiki e Pelé
Encerro esse post em homenagem ao Pelé, contando uma. história que ouvi do meu querido amigo Roberto Shinyashiki, quando ele e o Pelé foram para o Japão para um evento. Ambos chegaram em um dia, descansaram e no dia seguinte, as 6h da manhã estavam de pé para cumprir a agenda de compromissos até o horário do evento, às 21h. E lá foram os dois, cumpriram tudo, passaram o dia conversando, tirando fotos, participando de almoços e reuniões até que as 19h foram para seus quartos, se trocar, para às 21h iniciar as palestras no mesmo hotel que estavam hospedados.
O evento foi como todos esperavam. Tinha 400 japoneses presentes no local. por volta das 23h30 o evento acabou, Shinyashiki e Pelé foram para o camarim, quando uma das pessoas da recepção do evento informou que alguns japoneses queriam tirar foto como rei, ele então mandou que avisassem na plateia que quem quisesse tirar foto com ele, poderia ir até o camarim, foi avisado e advinha. os 400 quiseram.
Shinyashiki questionou ao rei o porque, eles estavam cansados tinha tido um dia muito agitado, acordado cedo, feito uma viagem cansativa um dia antes e Pelé disse ao meu amigo:
- Essas 400 pessoas deixaram de estar com suas famílias para nos ver, então é o mínimo que podemos fazer para eles.
Não só Pelé tirou as fotos, como fez questão de conversar com cada um que entrou no camarim, tirou foto, abraçou, autografou camisetas, guardanapos ou pedaços. de papel. Fica aqui a liçao de humildade do grande rei!
O adeus a Pelé
De fato, isso nunca vai acontecer, pois Pelé é eterno!