É Muricy! É Muricy! Não tem como começar esse artigo em homenagem ao grande Muricy de outra forma. Eu sempre falo, que para mim, ele não é ídolo do São Paulo, Muricy é muuuuuuuuuito ídolo!
Depois que Muricy nos deu o tri campeonato brasileiro, nos anos de 2006 a 2008, surgiu uma dúvida em nossa torcida, quem seria mais ídolo, ele ou Telê Santana.
Na boa, esse é um papo de boteco para quem está sem assunto, ambos são ídolos, e estão entre os maiores técnicos do nosso tricolor, que já teve outros que se sagram campeões, entre eles, Paulo Autuori, responsável pela nossa Libertadores e Mundial, de 2005, mas não tem jeito, depois de Olê, Olê, Olê, Telê, Telè, o canto da torcida no Morumbi é “É Muricy! É Muricy!” e mesmo quando ele estava treinando outros times.
Não podemos esquecer de Cilinho que nos trouxe os “Menudos do Morumbi”, para mim, o maior time que o tricolor já teve. Rubens Minelli que nos deu o primeiro campeonato brasileiro, Vicente Feola, que treinou o tricolor por 8 vezes, e com seus 555 jogos no comando tricolor é o técnico que mais treinou nosso time, com 474 em 2o, vem É Muricy! É Muricy!, personagem desse artigo.
Muricy no tricolor
O hoje coordenador técnico do tricolor, Muricy pode não ter conquistados os títulos de Telê, que aliás, é o grande responsável pela vinda dele para o Morumbi, depois que esse se aposentou do futebol no México, mas sem dúvida o personagem tricolor com mais identificação com a torcida é Muricy Ramalho, isso, ele está à frente do mestre Telê.
Muricy, nasceu em 30 de Novembro de 1955, em São Paulo. Defendeu na década de 1970 as cores do São Paulo, onde atuou em 177 partidas e marcou 26 gols, era um meio campista habilidoso e muito bom no arranque, mas pouco artilheiro.
Era figura certa na Copa de 1978, como possível reserva do Zico, mas seu joelho impediu que ele realizasse esse sonho. Ficou no tricolor até 1979, quando se transferiu para o Puebla do México, ficou até 1985 quando o joelho não deixou sua carreira continuar.
Assim como Telê, Muricy ficou alguns anos fora do futebol, montando uma Farmácia perto do estádio do Morumbi, mas em 1993, o Puebla o chamou de volta, para ser técnico do time. Ficou por um ano, até que Telê Santana elaborou um plano e entendeu que Muricy era o cara certo.
O mestre Telê sabia que não ficaria muito mais tempo no futebol, a isquemia cerebral avançava e ele sabia disso, inclusive, foi a doença que levou o mestre desse plano em 2006, algo, que até hoje assusta Muricy. O ano era 1994 e Telê traçou, junto a diretoria, um plano para treinar um substituto para ele.
A ideia era ter uma pessoa ligada ao tricolor, identificado com o time para que Telê passasse seus conhecimentos e, em 1998, ele se aposentasse do futebol, deixando seu legado ao tricolor, time, que para ele, seria último a treinar.
A volta de Muricy pelas mãos do mestre Telê
“Trabalhar com seu Telê foi um privilégio muito grande”, admitiria, anos depois. “Acho que as maiores influências que tenho dele são a simplicidade, o sentido de comando e o trabalho individual com os jogadores” cita Muricy sobre o mestre, a quem, até hoje o chama de “seu Telê”
Muricy, que já tinha jogado quase 10 anos no profissional São Paulo, e nunca tinha escondido de ninguém o quanto amava o time, o qual ele chegou aos 8 anos nas categorias infantis, em 1965, era um dos nomes cotados, mas Telê avaliou que esse seria o melhor, então, o tricolor foi para o México e trouxe Muricy de volta a sua casa, onde, até hoje ele diz ser a sua segunda, casa, bom, como todo o apaixonado pelo São Paulo, e me coloco nessa lista, o Morumbi é sempre a 2a casa!
Infelizmente, Telê só conseguiu treinar Muricy por pouco mais de um ano e meio, já que ele chegou ao Morumbi em meados de 1994, onde comandou o time conhecido como “expressinho tricolor” com jogadores da base de alta qualidade como Rogério Cen, Catê, Denilson e Caio que venceu a Conmebol daquele ano. Em 1995, Telê já não estava bem, esquecendo das coisas e brigando com todo o mundo, até que em Janeiro de 1996, ele, sem condições de trabalho sai do tricolor, deixando Muricy no comando, que muito jovem, não conseguiu comandar o tricolor.
Parreira, técnico campeão do mundo em 1994, com a seleção brasileira, foi chamado para substituir o mestre, deixando Muricy como auxiliar novamente. Parreira ficou pouco tempo no tricolor (Graças a Deus!!!) e Muricy voltou ao comando, mas com um péssimo inicio de Paulista, foi demitido.
Muricy, sempre teve personalidade forte, e prometeu um dia voltar ao Morumbi para ser campeão. Cerca de 9 anos depois, com a bagagem necessária, com passagens por times como Náutico – onde é ídolo até hoje – Figueirense, Sao Caetano – onde venceu o Paulista de 2004 – Internacional de Porto Alegre – onde a CBF lhe tirou o Campeonato Brasileiro de 2005 – além de outros times, ele chega ao Morumbi com status de melhor técnico do país, e faz, seu melhor trabalho, levando o tricolor ao tri campeonato brasileiro, algo quase impossível de repetir.
Depois, ele foi ser campeão da Libertadores com o Santos, brasileiro com o Fluminense e mostrou toda a sua personalidade ao dizer não ao mal caráter Ricardo Teixeira, presidente da CBF quando a Copa se realizou no Brasil, era para ser Muricy o técnico e não Felipão. Com certeza o 7X1 não ocorreria!
Certa vez, Muricy, aos 17 anos, reserva do aspirante do tricolor, chamou a atenção de José Poy, o ex-goleiro argentino que jogou, e muito, no tricolor. Muitos diziam que Poy era muito bravo, mais que Telê, que tinha essa fama. Muricy, amante do Rock era cabeludo, e Poy não gostava disso, então, quando chamou Muricy para treinar com o time principal, pediu para ele cortar o cabelo, Muricy se recusou, Poy disse que cabeludo não jogava no time dele, Muricy disse que então não jogaria e saiu do campo… se um aspirante faz isso com o técnico do time principal, não ia dar uma banana para o Ricardo Teixeira e toda a sua arrogância?
É Muricy! É Muricy!
Hoje, Muricy faz um trabalho mais de bastidores. A torcida, erradamente, cobra ele nas entrevistas e falando pelo São Paulo, claro, ele sempre fala, até porque ele ama o time e sempre foi respeitoso com a torcida, nunca escondendo o jogo, e a torcida quer essa transparência, mas o seu papel no tricolor é outro, ele nunca – está até no contrato – assumirá o time, ele não é mais técnico e deixou isso claro, aliás, Muricy é um homem transparente e de muita palavra, se ele falou, está falado.
Rogério Ceni, pode ser demitido um dia, ou ele mesmo querer sair, faz parte do futebol, mas sonhar com Muricy no banco comandando o tricolor, olha, só se tiver uma nova Legends Cup, porque nos campeonatos, infelizmente, não o veremos mais, mas isso não nos impede de continuar, nos estádios gritando É Muricy! É Muricy!
Assim como foi feito na inauguração da estátua do Telê Santana, em 25 de Janeiro de 2023 onde essa foto foi tirada, e onde retrato esse histórico dia no artigo “Por que amamos tanto Telê Santana?”